domingo, 14 de março de 2004 // 06:02

R.I.P.
Uma companheira inigualável. Descanse em paz, Vagabundagem.

Dona Angela estava desconsolada, sua companheira, a Vagabundagem, se fora para sempre. Dona Angela chorava e chorava...
Angela: Por que? Por que te fostes? Não sabes que preciso de ti aqui, ao meu lado? Tantas coisas passamos juntas! Quem vai me ajudar a cuidar das cri-an-ças agora?
Nisso a dona Perda de Tempo se aproximou, e mesmo vendo o estado de dona Angela não pode esconder mais.
Perda de Tempo: Ah, dona Angela... eu sei que é uma perda horrível e essa não é a melhor hora, mas preciso dizer que sem a dona Vagabundagem eu não vou poder ficar por perto. São tantas lembranças...
Angela: Como? Nãaaaaaaaaao! Todos estão me deixando... Por que? Por que???
E então, de trás de uma árvore sai uma pessoa elegante e altiva, mas desconhecida. Dona Angela nem nota sua presença logo de cara, tamanha é sua dor, mas então a visitante se faz notar.
Visitante: Dona Angela... há muito queria lhe falar, mas com a dona Vagabundagem por perto a senhorita nunca me ouviria! Agora... Eu vim aqui pra lhe pedir: case-se comigo!
Os olhos de dona Angela se arregalaram. Como aquela criatura ousava lhe fazer uma proposta daquelas num hora de tanta dor?
Angela: Mas eu nem sei quem você é, nunca te vi na vida!
Visitante: Pois deixe eu me apresentar: meu nome é Sanidade e eu sinto que posso ser muito útil na sua vida! Tudo que você tem de fazer para que possamos ser felizes juntas para sempre é abandonar seus fi-lhos.
Angela: Endoideceu, foi? Nunca abandonarei meus fi-lhos!
Visitante #2: Assim é que se fala! Não se dê por vencida!
Angela: dona Insistência! Quanto tempo não nos víamos... E agora nos encontramos em tal momento...
Sanidade: Mas dona Angela...
Angela: O que diabos você ainda está fazendo aqui? Nunca ninguém da minha família vai querer você! Compreenda isso e vá embora, me deixe com o meu pesar!
E assim a sanidade se foi do mesmo jeito que tinha chegado...
Insistência: Calma, Angela, eu ajudo você a cuidar das cri-an-ças, elas sempre gostaram de mim! Lembra quando você se enchia e parecia querer desistir delas? Eu as consolava, dizendo que a mãe delas as amava.
Angela: Oh, dona Insistência... muito obrigada! As vezes é tão difícil lidar com essas cri-an-ças! E agora sem a Vagabundagem...
Dona Angela que tinha parado de chorar agora derramava novamente suas lágrimas. E foi então que viu à distância alguém, tão ou até mais baixinho do que um hobbit, que se aproximava lentamente.
Angela: seu Tempo! Quase não lhe reconheci! O que houve com o senhor? Está tão baixinho...
Tempo: Ah, dona Angela... quando a dona Vagabundagem estava por perto eu me sentia seguro, usava saltos enormes, ela me segurava, mas agora, sem ela por perto, eu sou obrigado a andar assim, de chinelo havainas... não posso ser tão grande quanto como era antes. E também... vou estar cada vez menos por perto. A senhorita sabe...
Dona Angela chora mais um pouco, soluçando.
Nisso as cri-an-ças chegam e vêem a mãe chorando.
Precious: Mamãe, mamãe! Por que choras?
Angela olha pro seu rebento com lágrimas cristalinas nos olhos e não consegue lhe dizer que agora que está sozinha não sabe como vai cuidar dele e de seus irmãos, mas como ele não é bobo percebe o que se passa.
Precious: Oh, mamãe! E agora? A senhora vai nos deixar?
Angela: NUNCA!!!! Eu ainda tenho a dona Insistência? Não?
Dona Angela olhou esperançosa para a amiga.
Insistência: Lógico! Estarei sempre presente, na medida do possível.
Angela: Viram? E vocês ainda tem os tios Sábado e Domigo, que virão toda a semana visitar! E o tio Feriado vai aparecer de vez em quando, assim como a tia Férias virá também. Ela não pode vir muitas vezes, mas virá duas vezes por ano e ficará algum tempo conosco. Viram? Ainda podemos agüentar e viver nossas vidas sem a Vagabundagem. Ela com certeza fara falta, mas precisamos seguir em frente.
Precious: Oh, mamãe.
E o pecurrucho abraça a mãe, sendo seguido pelos ir-mã-os.
Angela: vamos, meus fi-lhos, vamos seguir em frente.

THE FIM!

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